Consultor ou Super Nany?

Super Nanny - EUA
Um desafio para o controle orçamentário. Controle e disciplina dos filhos.

Causa principal : sentimento de culpa. Conseqüência: transferência para a compensação em bens materiais. “Ser eu der e fizer a vontades, meus filhos ficarão satisfeitos”.
Esse é um dos grandes e freqüentes equívocos ao lidar com finanças, em famílias de classe média,cuja renda é acima de dois mil reais mensais.

Há casos semelhantes com famílias cuja renda
é menor, mas são raros. E quando há, é por que algum parente próximo vicia a criança com mimos que os pais não podem dar, causando um mal estar por causa da intervenção na autoridade.

Avós, tios e madrinhas com condições financeiras melhor que os pais, muitas vezes causam este tipo de conflitos, principalmente quando a criança passas uns dias com eles.
Se os pais não passarem a realidade para a criança ou mesmo deixar que outros tomem conta da situação em função do sentimento de fracasso ao dar as “melhores coisas que meus filhos merecem”; não só podem perder o controle sobre o comportamento da criança, quanto perdem também os benefícios dos mimos da madrinha quando elas crescerem.

Além do que, ninguém vai querer mimar adolescente dependente, a não ser que o responsável direto. E a pior conseqüência desta atitude é geração de adolescentes dependentes e rebeldes além da conta.

Ora, não é meu intuito fazer uma abordagem psicológica e educacional sobre como as pessoas devem criar seus filhos. Içami Tiba e outros autores renomados fazem isso melhor do que eu. Recomendo a leitura de seus livros sobre o assunto, mas como Consultor Econômico Familiar e também pai, tenho que observar essas coisas em minhas consultorias.

Pois bem, vejamos um caso:

Uma família cuja renda familiar é de oito mil reais por mês.A mãe é do lar. A mãe e uma tia moram com a família.O casal tem dois filhos, uma adolescente de dezessete anos e uma criança de nove anos.A casa é própria,condomínio fechado de alto padrão. Possuem dois carros. Um está sendo pago por financiamento bancário. A casa possui oito cômodos, um mezanino, uma edícula, piscina, churrasqueira, biblioteca.
Problema financeiro: déficit no orçamento de cinco mil reais.
Principal causa: esbanjamento, não saber ou não querer dizer não ao filho.
Hábitos reveladores para o diagnóstico:

1. Consumo de energia:
Há televisões em todos os cômodos. Televisão por assinatura conectada em três cômodos.
Na biblioteca, um computador com internet.
Todas as televisões ficam ligadas, ao mesmo tempo durante todo o período em que a crianças estão em casa. Mesmo quando a menor está dormindo. Além do computador.
Razão: a criança menor chora e grita quando não encontra no ambiente onde ele está, a tv ligada para ver o desenho na tv paga, ou o vídeo game ligado em outra tv para jogar.
Quando enjoa de uma coisa, vai para outro lugar. Mas se está desligado, um escândalo.
E é prontamente obedecido pelos pais.

2. Alimentação:
Pizzas todos os fins de semana. Sempre seis pizzas grandes por vez.
Nem todas as pizzas são consumidas. Não raro um disco inteiro é jogado fora.
Gasto médio mensal com pizzas é de trezentos reais.
Mc Donalds sempre que a criança pede ou passa em frente de um. Se ele chora e grita, é atendido. Dispensa cheia, almoço, janta ou lanche esperando em casa, feita pela tia.
Contudo, antes de chegar em casa, esfihas, espetinhos, pasteis. A cada quinze dias,churrascaria. Não há aproveitamento dos alimentos feitos em almoços ,durante a semana, pois há opção por consumo fora de casa, tendo que ser jogado fora.
3. Brinquedos, acessórios e lazer
Invariavelmente a criança ganha um brinquedo todos os dias, principalmente quando vai às lojas com os pais. Chorou,gritou, ganhou. Muitas vezes nem precisa. Basta dizer, eu quero.
Acessórios diversos para satisfazer a criança são comprados com regularidade.
Passeio de lazer sempre com abundancia de alimentação tipo fast-food ou churrascaria.
4. Educação
Escola particular para a filha e o filho com acompanhamento com cobranças ferrenhas junto às educadoras. Sempre os melhores acessórios escolares.

3. A consultoria:
Uma vez que já escrevi sobre a soberania de cada um ao lidar com suas economias, ainda que as atitudes descritas possam causar arrepios, meu julgamento sempre é:

O que eles desejam em relação ao controle das finanças? Que tipos de solução estão procurando?

Ora, uma vez identificado as origens do déficit orçamentário e verificado todas as contas, renda e dívidas, minha sugestão foi direta e clara.

Aliás dei duas opções.
A primeira:
Saber dizer não aos filhos,principalmente ao menor,o mandante da casa e ser moderados no consumo de alimentos fora de casa, não desperdiçando alimentos.
Esperei a reação deles. Indignação.

Dizer não ao filho era improvável. “Afinal ele teve muitas complicações quando era bebe e ele merece tudo e mais. Quando ele crescer não vamos mais precisar fazer isso. Mas agora que vamos dar tudo o que ele quer”.

Sobre a alimentação: “A gente está acostumado assim e também as crianças. Talvez a gente possa comer menos pizzas”.

Em função da resposta dei a segunda sugestão:
Obter mais renda e não aumentar a atual despesa. Conferenciamos sobre diversas possibilidades de renda adicional, investimentos financeiros e regularização das dívidas.
Mas mudanças no comportamento e hábitos de consumo não estavam nos planos deles.
Como profissional, ao final, tiveram que meu ouvir sobre minha análise da situação geral.

Abordei todas as conseqüências sobre as finanças em longo prazo por causa dos hábitos de consumo observados. Também sobre a atual conjuntura econômica do mundo e é claro, sobre obter a parceria dos filhos no consumo da casa e sobre a realidade financeira do casal.
Eu os acompanhei durante uns três meses, mas o resultado esperado não surgiu.

Depois disso,quando fui procurado novamente eu sugeri honesta e claramente que a solução paras a questões deles não se resolveria com um consultor.

Sugeri que chamassem a Super Nany, por que o principal problema na casa não era financeiro,era educacional, era de autoridade.
No mais, desejei boa sorte!

Está implícito que eles não gostaram da minha resposta, contudo não há qualquer possibilidade de controle financeiro em um ambiente sem ordem e disciplina.

A menos que a pessoa seja milionária e deixe tudo rolar, “pois afinal, o dinheiro sempre pode consertar as coisas” , não é mesmo?

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