Empurrem meu carro


 Se você já teve um desses carros (em péssimo estado)sabe o que significa ficar parado no transito por falta de gasolina ou pedir ajuda para dar um “tranco”.
E quando não havia quem ajudasse a empurrar,  tinha que fazer isso sozinho. Se tivesse sorte de estar em um declive, era mais fácil. A menos que você estivesse subindo a rua. Tinha que manobrar em direção oposta. Isso seria fácil se a rua não fosse movimentada. E se tivesse urgência em chegar a algum lugar, ou entrega para fazer, ou com a família no carro, à noite e com chuva?
Pois é, quem teve um desses sabe bem como é.
Brasília
Ah, vale mencionar que estou falando de quem teve um desses, não na época do lançamento, mas com mais de dez anos de uso, o que era comum nas décadas de 80 e 90 aqui no Brasil.
Fusca
 A maioria desses carros
em uso não eram reformados ou tunados. Circulavam em péssimo estado. Lembram?  Quem tinha um desses, não tinham dinheiro mesmo para reformá-lo. Aliás, nas décadas de 80 e 90, com a hiper inflação, a frota de veículos demorava a se renovar. 
Nesse ambiente, os princípios da auto-suficiência exigiam muito mais esforço e animo. O desafio era maior.
Mas voltemos ao nosso Fiat 147. Eu tive um desses. O motor é potente. Tem um arranque bom e é forte. Gostava dele. Claro que estava todo detonado. Uma vez eu o levei para fazer uma reforma elétrica e o técnico rejeitou o serviço por que não valia à pena. Nem em pequenas oficinas de bairro.
Com esse carro eu não precisei de ajuda para “dar um tranco”. Mas com o Brasília sim. Várias vezes.
Nem sempre eu tinha ajuda para empurrá-lo e tinha que fazer isso sozinho e muitas vezes manobras difíceis para descer a rua em pequeno declive.
Fiat 147

Quando você pede ajuda para empurrar seu carro, você fica ao volante, engata a primeira, mas com o pé na embreagem. Quando o carro atinge uma pequena velocidade, você tira o pé da embreagem e acontece o “tranco”. Então o carro liga, funciona. Daí você desengata e acelera para que os circuitos elétricos se abasteçam, fazendo-o rodar até seu destino.
A assistência e ajudas  às pessoas deveriam funcionar assim.

Mas o que ocorre é que muitas pessoas pedem para empurrar o carro de suas vidas, mas não querem estar ao volante, para seguir em frente depois que o carro está funcionando.
Querem que, de preferência as pessoas o empurrem até seu destino  sentado no banco do carona.Esta é uma característica das pessoas folgadas, que mencionei em outra postagem.
É a ociosidade. Querem muito por nada. Se houver quem faça por ele, qualquer coisa, não terá escrúpulos para pedir ou se fazer de coitado para ter tudo de graça sem algum esforço próprio.
Vemos isso nas comunidades ditas “carentes”. Muitas vezes eles são carentes da vontade de fazer por si  mesmos o que os outros se esforçam para fazer por eles, em nome do assistencialismo e promoção social.  Na verdade a promoção social é de quem dá este tipo de “ajuda”. É marketing social ou político.
E encontram campo branco para isso por que a comunidade, objeto da assistência, está acostumada a receber o alimento fácil e constante.

Pombos
São como pombos esperando o milho. Ou na ausência de milho, orbitam lugares onde possa haver sobras para se alimentarem. Esse tipo de assistência é pernicioso. É assistencialismo. Não gera prosperidade.
E criam um círculo de dependência. Se a ajuda cessa ou há qualquer modificação no estado das coisas, a oposição e a mídia estarão lá para dar voz aos carentes abandonados, jogados ao “deus dará”.
Outra forma de ociosidade, que abrange todas as classes, é o não querer ser ajudado.
Isso seria como você estar com o carro parado bem no meio da avenida, na hora do rush e você recusar  ajuda para levá-lo pelo menos ao acostamento.

Essa é uma das dificuldades das Secretarias de Assistência Sociais, em época de frio. Não se pode forçar um morador de rua a ir para um abrigo à força. Da mesma forma não se pode ajudar uma pessoa drogada a vencer o vício a menos que ele mesmo queira.
Não se pode também querer que uma pessoa fique curada de uma doença se ela mesma não faz sua parte no processo. Uma pessoa com HDA (Hemorragia Digestiva Ativa) não pode ficar tomando bebidas alcoólicas e comer churrasco todo fim de semana. Mas mesmo assim, há muitos que saem e voltam ao hospital, até um dia serem transferidos para o cemitério.

Da mesma forma, não se pode ajudar alguém a prosperar, se são ociosos do tipo que querem tudo por nada. Ou do tipo, “...não to nem aí, não vou parar de comprar sapatos  e nem deixar de usar meu cartão. É para isso que serve o pagamento mínimo”. 

Qualquer tipo de ajuda só funciona quando a pessoa aceita a ajuda oferecida ou a pede.
Ninguém consegue ajudar quem não quer se ajudar.

Por isso, muitos projetos não atingem objetivos, não por falta de planejamento ou esforço, mas por não encontrar reciprocidade de desejo por parte daqueles a quem  seriam os beneficiados.
Pessoas que agem e pensam assim, querem que os carros de suas vidas sejam dirigidos por outras pessoas. Assim são levados para qualquer lugar, menos para o lugar onde acham que deveriam ou querem ir. E quando se percebem, vê que não saíram do lugar.

Não deixe o volante de sua vida na mão dos outros. O carro é seu.

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