Quando dois mais dois são cinco


Tá com sede?
Vamos beber um copo d’água?

Uma das dificuldades de entendimento dos assalariados em relação às finanças (assunto muito comentado entre especialistas em economia) é a falta de poupança.
O pensamento é que o salário nunca é suficiente. Se não é suficiente (não importa o valor), não dá para guardar algum centavo.
Por essa razão, dedico-me a demonstrar como é possível encontrar o que é suficiente e em contrapartida achar o excedente.
Eu sei que, todos desejam ter mais dinheiro e buscam na internet formas de contas, fórmulas sensacionais e inéditas para fazer brotar dinheiro no menor tempo e com o maior volume possível. Dinheiro é número. E número lembra
contas, cálculos. Todos sabem fazer contas. Vamos a elas então.

Prestem atenção:
  • 2+2 = 4;
  • 2*5 = 10;
  • 10/5 = 2;
  • 3-2 = 1;
  • 3-5 = -2

As contas acima são simples e nem precisam de calculadora para efetuá-las.

Falando claramente, nossas contas orçamentárias raramente necessitam de calculadora científica ou financeira. Bastam as quatro operações básicas. No caso de cálculos de juros, usam-se tabelas com os fatores pré-calculados. Então basta efetuar uma multiplicação.
Mas os assalariados em geral não desejam saber ou não se importam com os juros ou taxas, e sim com o número final correspondente ao valor a pagar. Em caso de recebimentos se importam mais e buscam saber o percentual. Mas raramente sabem calcular.

Muitos também não sabem o que é número negativo. Em finanças, um número negativo representa estar no vermelho. Isto significa dívida, prejuízo. Ou no conceito de economia doméstica: necessitado (não suficiente).

(Não estranhem a redundância e a repetição. Isso é proposital pela didática. Trabalho com um público que necessita desta abordagem para melhor entendimento. Assim, fica como modelo para ser multiplicado por aqueles que têm facilidade de entendimento).

Tendo isto em mente, vamos exemplificar em números o conceito da suficiência:

  1. (+5) (-7) = (-2) >> necessitado (busca ajuda; inércia; clico vicioso da dívida)
Neste exemplo, entrou cinco unidades monetárias1(indicado com o sinal de [+]) e saiu ( foi consumido) sete unidades (indicado com o sinal de [-]). Tem-se como resultado um déficit de duas unidades. Em linguagem popular: “ganhei cinco, gastei sete e devo dois”.2
Em economia doméstica, classificamos famílias e indivíduos nesta situação como necessitados, não importando o volume de renda que possui ou a classe social que pertence.
Para cada caso, (vide lições sobre dívidas) há uma abordagem na busca de soluções.
Em outra postagem falarei sobre o estado de inércia ou ociosidade em relação às pessoas desta categoria.

  1. (+5) (-5) = (0) >> tem o suficiente (risco; tensão; trabalho em excesso)
Este exemplo é bem claro. Ficou no zero a zero. Tudo que entrou foi consumido. Nesta categoria é que se encontram as famílias e indivíduos que pensam que são previdentes. São aqueles que vivem apenas para o momento. Não poupam por que acham que não dá. Vivem em constante risco, pois a tendência é sempre para perdas e não para ganhos. Vivem tensos e trabalham em excesso para poder “fechar as contas”. Vivem em função do trabalho e das coisas que possuem, do status e das aparências. Mas se conseguem fechar as contas, sentem-se no “lucro”. Não é todo mal tal condição, por que buscam não depender dos outros e conseguem prover pelo menos para o momento em que vivem. O problema surgirá quando a capacidade produtiva decair ou se perder.

  1. (+5) (-3) = (+2) >> auto-suficiente (equilíbrio)
Estes são os casos raros. Nesta categoria as pessoas são no mínimo previdentes e poupam para ter uma reserva emergencial. Veja que no exemplo restaram apenas duas unidades monetárias. Obviamente, quando há um volume maior será significativo. Mas não como regra.
Se uma família ganha $10.000,00 e consome $8.000,00, os dois mil restantes representam margem de segurança e não necessariamente um volume para ser todo aplicado em ativos financeiros. Pode-se aplicar uma parcela (vinte e cinco por cento, por exemplo).
Esta categoria representa situação de equilíbrio financeiro.

  1. (+5) (-3) = (+4)  >> auto-suficiente (próspero)
Aí está uma categoria desejada para todos: auto-suficiência com criação de excedentes. Isto é prosperidade no conceito de economia doméstica. Como estamos abordando economia, isso se aplica aos números. No entanto, não nos esqueçamos que há muito mais em prosperidade do que apenas números, unidades monetárias e bens materiais.

Como se chegou a esse resultado positivo? Criaram-se excedentes. Observe que são duas unidades além das duas de reserva. Com esse resultado, pode-se aplicar todo o montante em ativos financeiros ou fazer investimentos, sejam de qualquer natureza.3

Qual categoria você se encontra: a, b,c ou d?

Em próximas postagens, daremos um exemplo de criação de excedentes e abordar dois temas importantes: a ociosidade e a ganância como fatores que travam a distribuição da renda.

1 Pode ser também recursos em espécie recebidos como ajuda humanitária.
2 Mais informações, leia no Livro Salário & Prosperidade, Parte II - Capítulo V – Dívidas e Investimentos.
3 Mais informações, leia no Livro Salário & Prosperidade, Parte II - Capítulo I – Produzindo P e Capítulo II – Identificando o Excedente Familiar.

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